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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Daniel Weksler/entrevista/vagalume

Como será que é fazer parte da atual banda mais popular do Brasil? E lidar com as responsabilidades que tal posição traz.


Mais complicado ainda deve ser estar em uma banda que atrai admiradores ferrenhos e críticos ferozes quase que na mesma proporção. Questões como essas devem estar na cabeça dos membros do Nx Zero, que saíram dos guetos do harcore mais melódico para virar uma espécie de "artista representante do rock" em vários eventos e programas de televisão.O Vaga-lume aproveitou o lançamento do segundo disco do grupo, "Agora", e bateu um papo com o baterista Daniel Weksler, ou melhor dizendo, Dani.
Simpático e bom papo ele tentou responder a essas questões e outras mais. O resultado está aí embaixo.










Entrevista--------------------------------

A primeira pergunta é meio óbvia até, mas como é a sensação de em menos de dois anos sair de shows pequenos e se tornar a banda mais popular do país?

É uma sensação de sonho realizado. O mais legal é subir no palco com uma outra banda que tem de estrada o que a gente tem de idade. Tá sendo uma fase maravilhosa.

E como é lidar com essa responsabilidade? Afinal com a venda cada vez menor de discos o pessoal da indústria meio que joga as esperanças em vocês não?

Isso é uma coisa natural. A gente está fazendo o nosso papel e quando nós subimos no palco tudo se justifica. Todos nós temos tesão por viajar e fazer show. Essa pressão é algo que pode rolar mais no lado artístico, essa coisa de segundo disco, de ter de mostrar que viemos para ficar. Mas é um pressão boa, como por exemplo a feita pelo pessoal que trampa com a gente no estúdio, o Rick Bonadio e o Rodrigo Castanho. Eles fazem essa pressão por saber que podem extrair coisas boas da gente. E adoramos o que fazemos e no que pudermos ajudar, principalmente dentro da gravadora, com os artistas que estejam precisando, estamos aí.

E o novo disco? Vocês já estavam com planos e material pra lançá-lo já? Ou rolou uma certa pressão para entregar o material o quanto antes?

Algumas já estavam rolando há um ano e pouco, mas a gente não teve tempo de parar de verdade para compor as músicas, foi mais aquela coisa de “vamos compondo na estrada”. Antes de entrar em estúdio, a gente teve uns 15 dias pra fazer a pré-produção que na verdade foi pra fazer o cd inteiro. Foi uma porrada maluca, de ficar duas semanas sem dormir, tocando o dia todo. Mas a gente está numa sintonia muito boa e saiu tudo bem.

Vocês gostaram de gravar nesse esquema correria? Ou no futuro curtiria poder passar um ou dois anos gravando um único álbum?

Não precisa tanto, mas acho que aos poucos vamos chegar em uma coisa mais saudável, até por causa da idade. Imagino que daqui 5 ou 10 anos todo mundo esteja com família e não sei se vamos ter pique pra fazer um cd em trinta dias. E acho também que com o tempo a gente não vai ser tão... requisitado não é a palavra certa, mas acho que vamos conseguir ter um pouco mais de calma, sem tanta gente em cima que nem é agora.

Você está acompanhando a discussão sobre o cd no orkut?

Com certeza, a gente entra direto.

O disco meio que dividiu os fãs, especialmente os mais antigos que reclamaram da falta de mais peso. Dá a impressão que vocês estavam querendo se afastar do hardcore melódico ou emotivo e virar uma banda que simplesmente faz música pop. É por aí?

Isso é normal, quando o primeiro CD saiu, quem conhecia a gente quando éramos independentes ficou puto também. Isso é normal, sempre vai ter quem não vai gostar, mas a gente ficou super-satisfeito com o resultado. O que pode ter irritado foi o fato de termos aberto mais o leque de composições no novo disco. E a gente descobriu que dentro do meio musical brasileiro existem muitas coisas boas além do que estávamos fazendo e não tinha sentido ficar preso naquilo. Ao tocar com esses artistas, automaticamente o nosso jeito de compor mudou. Então, querendo ou não nós vamos incomodar as pessoas que nos viam como uma banda de hardcore.

Qual é relação de vocês com o produtor Rick Bonadio. Até onde vai a influência dele dentro da banda?

Nós estamos numa vibe muito boa. A gente tem liberdade pra falar o que quiser e ele também. O Rick tocou em algumas faixas do disco e nós levamos coisas um pouco ousadas pro estúdio e ele curtiu.E o Rick sabe o que está fazendo. Se chega uma banda lá que não tem uma puta estrutura, que não passou pelo underground, ele vai fazer do jeito dele e acabou. Mas o NX Zero já tinha feito um disco sozinho, então a coisa já tava rolando bem. É que nem aquela lenda das gravadoras controlarem os artistas. Se o cara chegar e não tiver base nenhuma, você vai ser controlado, porque não vai ter nenhum argumento, e nem tem escola pra isso. Ele chegou num nível de confiança de perceber que a gente sabe o que está fazendo. Ele escuta muito a gente e tem muita experiência também, então é claro que nós o escutamos pra c* também.

A idéia de dar uma sofisticada no som com cordas e piano foi dele ou de vocês? É algo que gostariam de repetir mais vezes?

Nós sentimos que estávamos precisando trazer elementos novos, pra dar um brilho nas músicas e tal. O Rick falou então que tinha um amigo, que era o Eric Silver, que já tinha trabalhado com os Dire Straits, um cara fudido. Quando as músicas estavam praticamente prontas ele mandou pro cara gravar e quando ouvimos achamos que ficou maravilhoso. Outras coisas foram surgindo durante a gravação, uns lances de piano, percussão. E estamos sem preconceito, se ficou bom, se emocionou a gente não tem porque não fazer.

Até por estarem muito populares vocês são ao mesmo tempo uma das mais amadas e também das mais criticadas do Brasil. Como vocês enfrentam as críticas? Teve algo que você leu ou ouviu sobre a banda que te deixou irritado mesmo?

A gente é relax com isso, a gente vê que quem fala mal mesmo da gente é aquele crítico mais velho, muitas vezes músico frustrado e que tem aquele espacinho há 30 anos. E você vai ver as pessoas de quem eles falam bem e são artistas que levam 30 pessoas pro show. A gente não faz som pra crítico e sim pra galera que quer ouvir o nosso som, pra fã.

Vocês regravaram "Apenas mais uma de Amor", do Lulu Santos. Porque escolheram essa? Vocês pensaram em outras canções?

A gente estava entre o Djavan e o Lulu, porque a gente queria fazer uma versão de algum artista nacional pro nosso DVD. Quando a gente sentou pra tocar ela no estúdio na hora vimos que a música era aquela. E essa música marcou muita gente e queríamos mostrar uma coisa que marcou há muito tempo para um público mais novo, que é o nosso. é importante que eles saibam quem é o Lulu Santos e conheçam uma música maravilhosa como essa.

A outra música que não é de vocês é "Silêncio". Fale um pouco dela.

Essa foi feita pelo pessoal do Fresno. Eles deram meio que de presente e o legal é que querendo ou não quando você toca uma música de outra pessoa ela sai diferente.
Dá pra ver que tem uma camaradagem grande entre as bandas...
Tem que rolar, porque às vezes a gente vê que com algumas bandas que estão no cenário rola que nem uma disputa ou melhor uma inveja e rock pra mim é o contrário disso tudo. A mentalidade tem de ser algo como “pô eles estão dando certo, então vamos ficar juntos pra todo mundo dar certo”.

Que som faz a cabeça do NX Zero hoje me dia?

Que pergunta difícil cara (risos). Digo isso porque a cada dia a gente escuta alguma coisa diferente porque é um trabalho que a gente tem de fazer né? Eu estou ouvindo o cd da Duffy, eu gosto de som antigo e ela conseguiu pegar bem aquele clima. O Muse também, que tá vindo pra cá (a entrevista foi feita antes dos shows do grupo). Ele são foda. A gente tava em casa vendo esse dvd ao vivo deles e todo mundo pirou. Até quem não conhecia virou fã. A gente é muito eclético e o legal é isso, cada um da banda trás alguma coisa nova pros outros ouvirem, como o John Mayer que o nosso guitarrista, o Gê trouxe.

Você baixa muita música?

Eu prefiro comprar o CD eu sou meio romântico ainda. Aliás acabando esse papo eu vou buscar o disco solo do Taylor Hawkins (o baterista do Foo Fighters) que chegou pra mim.

"Cedo ou tarde" está em primeiro lugar aqui no Vaga-lume. Fale um pouco sobre essa música?

Essa foi uma das primeiras a chamar a atenção no CD. Quando fomos mostrar as músicas novas pro pessoal da gravadora, essa foi meio que unânime. Todo mundo que ouvia gostava. E ela tem uma mensagem forte porque foi feita pro pai do Gê que faleceu quando ele tinha dois anos. o que eu acho legal dessa música, e também do clipe, é que ela passa uma mensagem de valor à família. Porque isso é muito importante. E a gente abriu o cd com essa música, que não é a coisa óbvia. A gente não abriu o disco com uma música porrada.

domingo, 3 de agosto de 2008

Léo/35mls/entrevista/Oito Por Um

Nesta edição do "Oito Por Um"(ValePunk) tivemos a participação de Léo, vocalista da banda paulistana 35mls.
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1. Qual a importância da música para você?
Música é tudo pra mim. O meu dia-a-dia é movido a música, não consigo me imaginar fazendo algo que a música não esteja relacionada.


2. Qual a banda que você mais ouviu até hoje?
Hum, pergunta difícil! Mas acho que o disco "For Monkeys" do Millencolin eu cheguei a ouvir umas 10 vezes por dia. (risos)


3. Quais músicas poderiam entrar na trilha sonora da sua vida? Por quê?
Vish, são tantas! Tem muitas músicas que tem toda uma história pra mim. São essas que entrariam. Sei lá, "Comfortable" do John Mayer, "Boys of Summer" do The Ataris, entre muitas outras.


4. Qual o subgênero do Rock você diria que está realmente no underground hoje em dia?
Vou responder de forma inversa. Acho que o powerpop está bastante em alta.
5. Qual o item mais importante, daqueles que não tem preço, relacionado a musica que você tem?
Minha guitarra tem me acompanhado a um bom tempo e tenho um carinho muito especial por ela, por ser a minha primeira. É o meu xodó. (risos)
6. Cite músicas para o início de um dia difícil.
Vambora, vambora! Tu! Tá na hora! Vambora, vambora! – risos . Ouço essa música e tenho vontade de sair fazendo várias coisas (risos). Obs: a música citada é: ? - ?.
7. Cite músicas para momentos de sexo.
Ah, dependendo do momento! Pode ser desde System of a Down até Bjork. (risos)
8. Cite músicas para festas sem graça.
Se a festa estiver sem graça, coloque 35 (35mls – sua banda)! Muita curtição! (risos)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Tavares/fresno/entrevista/ValePunk



Breve papo com o Tavares, baixista do Fresno. Na entrevista, Tavares fala sobre as expectativas do novo álbum da banda, "Redenção", o qual marca a estréia da banda na Arsenal Music.


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ValePunk: Quais são as expectativas para o CD novo?
Tavares: Eu acho que para o disco novo a expectativa é a melhor possível. Tanto tempo gravando, tanto tempo ensaiando, tanto tempo concebendo ele. Ele nascer era a maior dificuldade, agora que tem um mês e pouco aí, ele está na lista dos mais vendidos do Brasil e isso a gente não conseguiu através de jabá. Isso demonstra o melhor que a gente faz, nos shows também. Vamos tentar se estabilizar como uma banda grande.


ValePunk: E o que vocês acharam do resultado do CD?
Tavares: Eu acho assim, é o que eu disse, a gente ficou tanto tempo fazendo ele que o resultado não podia ser outro a não ser o que exatamente a gente queria. A gente ficou muito livre no estúdio pra fazer do jeito que a gente esta acostumado. Ninguém se impôs muito, nem tentou ditar regras. Muita gente que mandou na história, e ta aí. Eu não tenho do que reclamar, pra mim é o melhor disco de todos da Fresno.


ValePunk: E por quê vocês não incluíram “Seis” no CD?
Tavares: Porque embora seja uma música que tenha dado um alarde, era uma música que não se encaixava no contexto do disco. É uma música legal e tudo, quem sabe futuramente ela possa ser gravada. Quem sabe não. Mas é isso. Ela tava fraca demais comparada às outras.


ValePunk: Qual a sua música preferida?
Tavares: Ah! A minha música preferida é “Milonga”, né?!


ValePunk: Por causa dos teus berros?
Tavares: Não...não! (risos) Porque é muito pessoal, acho que assim... as músicas que escrevemos nesse disco: Milonga, Redenção, Europa, são muito pessoais. Milonga é uma música muito resolvida pra contar uma história inteira e na hora que ela vai passar pra festa, ela vira uma festa e termina de um jeito impressionante. Eu acho que eu disse tudo o que eu queria falar pra uma pessoa especial.


ValePunk: E quais são as expectativas da banda com a gravadora nova?
Tavares: Com relação à gravadora, a idéia é trabalhar com eles pra que eles trabalhem com a gente. A gente sempre soube se virar muito bem quando a gente não tinha gravadora. Agora a gente ta começando com isso e sabemos que temos que trabalhar bem com eles para eles trabalharem bem com a gente. Eles estão fazendo muita coisa legal. Tinha coisas que antigamente seria impossível fazer. Hoje em dia a gravadora é muito mais empresariamento. Gravadora e empresário hoje são unidos. A gravadora consegue umas coisas absurdas pra gente. Existe até um exemplo, que não me lembro agora, mas, coisa que no boca a boca a gente não conseguiria nunca. Então eu acho que gravadora é bom porque ela consegue uns atalhos, assim.

Gabriel/Fake Number/entrevista

Aqui você pode conhecer as opiniões de figuras que você curte de alguma forma dentro do mundo da música, seja ouvindo ou lendo seus trabalhos.

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1. Qual a importância da música para você?
Talvez a coisa de maior importância na minha vida. Resumindo, música é minha vida!

2. Qual a banda que você mais ouviu até hoje?
The Number Twelve Looks Like You, Foo Fighters e Radiohead.
3. Quais músicas poderiam entrar na trilha sonora da sua vida? Por quê?
Ah, várias! "Like a Cat", do Number Twelve Looks Like You, "My Hero", do Foo Fighters, "Bullet With Buterfly Wings", do Smashing Pumpkins, "Paris In Flames", do Thursay, "Men In The Box", do Alice In Chains, "Chapter Four", do Avenged Sevenfold, "Stay Together For The Kids", do Blink182, "Karma Police", do Radiohead, "Serenatas e Violas (fique quiéta Ophélia)", do Opera Novel, "Love to Hate, Hate to Me", do Static Lullaby, "Nine In The Afternoon", do Panic At The Disco, "Ebolarama", do Everytime I Die, "Sensaçao de Cinza", do Itsari e "Naive Orleans", do Anberlin. Meu, tanta coisa, se eu for falar todas fico aqui até amanhã! Sem contar músicas das minhas bandas que de alguma forma expressam algo de mim.
4. Qual o subgênero do Rock você diria que está realmente no underground hoje em dia?
Hoje em dia tem derivado de tudo, né? Até "nintendocore" já existe (risos)! Mas acho que o que logo estoura é o "powerpop", pois é dançante, é feliz, pode ser pesado ou leve, eu acho bom demais. Mas o tal "hardcore melódico" ou "emo" vai continuar dominando, eu acho.
5. Qual o item mais importante, daqueles que não tem preço, relacionado a musica que você tem?
Minha guitarra Epiphone Gothic é minha queridinha, tenho maior carinho por ela, mas não tenho muito apego com coisas materiais (risos). Acho que um CD do Static Lullaby que ganhei faz uns 4/5 anos, que me influenciou para caralho, me fez ter vontade mesmo de tocar e seguir em frente.
6. Cite músicas para o início de um dia difícil.
Em dias difíceis tem coisas que se você ouve, dá vontade de pular da ponte, então coisas pesadas ajudam a não fazer isso. Tipo, "Freak Gasoline Fight Accident", do It Dies Today, "94 hours", do As I Lay Dying, "Bat Country", do Avenged Sevenfold, "Awake and Lifeless", do A Dozen Furies e "Panassonic Youth", do Dillinger Escape Plan.
7. Cite músicas para momentos de sexo.
Para fazer "amor", tipo um Portishead e Denali, que é mais tranquilo. Agora "sexo sexo", algo tipo AC/DC e algumas músicas do Avenged Sevenfold são boas. Vai de momento, de pessoa, sei lá né?!
8. Cite músicas para festas sem graça.
Qualquer música do Forever The Sickest Kids ou do Cobra Starship serve pra animar qualquer festa miada. Também tem bandas como o Four Year Strong, o Power Space, o Breathe Carolina e o Gym Class Heroes que são boas para isso. Tem uma brasileira que anima bastante também, o Cine! Estas são essenciais para fazer todo mundo levantar do sofá pegar uma cerveja e dançar.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Entrevista/Lucas Silveira/Fresno

"Eu vejo o mp3 como uma forma de divulgação, como um single para a rádio", Lucas Silveira




Entrevista
Vaga-lume -06 de junho 2007

















Vamos falar do DVD com as 5 bandas que acabou de sair. Como rolou o convite? Vocês já eram amigos das outras bandas?


Há alguns anos a gente já divide o palco com o Forfun e o NX Zero, tanto em festivais quanto em shows menores. A gente até ficou sabendo do DVD antes de sermos convidados e a princípio a gente nem sabia que também estava na parada. Nós começamos a nos informar e aí soubemos que também estaríamos no projeto. A iniciativa partiu da MTV mesmo junto com a Universal e o (produtor) Rick Bonadio.




Seria o caso de dizer que vocês todos fazem parte de uma mesma cena?

Sim, com certeza, já que são bandas que estão sempre tocando juntas. O Hateen faz parte dela há mais tempo ainda e com o Moptop nós já tínhamos feito pelo menos uns cinco shows ao lado deles. Seriam essas bandas que fazem parte de um cenário independente que hoje já nem é tão independente assim.


Vocês participaram do concurso de novos talentos do Vaga-lume e se definiram como uma banda de "hardcore emotivo". Hoje em dia vocês ainda usariam esse termo? Como lidam com o fato da palavra "emo" ter virado quase que um palavrão?


Eu acho que a palavra “emotiva” hoje está com uma conotação diferente que nem é legal. Na época esse termo era só um rótulo e hoje virou uma coisa maior envolvendo comportamento e outras coisas com as quais às vezes nem participamos ou concordamos. Mas o hardcore também é assim, as bandas com o tempo vão largando o som inicial e fazendo coisas de apelo mais universal e não só para o público do estilo.



As canções mais recentes de vocês mostram que novos elementos estão aparecendo, como os instrumentos eletrônicos. Vocês pretendem ir mais para esse lado na busca de um som mais diferente (um pouco como fizeram outras bandas consideradas "emo" como o My Chemical Romance)?



É um caminho natural, até tem músicas nossas com uma veia completamente rock. A gente sempre flertou com outros estilos, mas sempre mantendo uma temática e um instrumental parecido. Mas desde o começo a gente nunca se prendeu ao hardcore e às músicas mais aceleradas.



Vocês surgiram em Porto Alegre e são de uma leva posterior ao que se convencionou chamar de "rock gaúcho" por aqui (Bidê ou balde, Video Hits e Cachorro Grande). Vocês ouviam ou eram amigos desse pessoal? Em alguma coisa eles influenciaram vocês?



A gente teve contato com essa galera sim, mas eles estavam estourando quando estávamos começando. Em 99/2000 a gente ainda estava tocando no colégio. Influência mesmo no nosso som acho que não teve, apesar de serem bandas que a gente gosta.



O Rio Grande do Sul é famoso por ser um mercado "auto-suficiente" com várias bandas



Na verdade a desde o começo a gente saiu de Porto Alegre para tocar. Nós nunca ficamos esperando algo acontecer por lá. Tocamos muito no underground desde quando começamos a fazer as nossas próprias músicas. Sempre que as oportunidades surgiam nós fazíamos pequenos shows em diversas cidades do Brasil, às vezes sem ganhar dinheiro algum. Hoje em dia nós temos um bom público no Rio Grande do Sul, mas rola mais uma identificação por sermos de lá e não por fazermos um som tipicamente gaúcho.



O Fresno também está numa leva de bandas que se beneficiou quase que só da Internet para aparecer e divulgar-se (mesmo o Bidê ou Balde teve o apoio da imprensa escrita). Queria que vocês falassem um pouco sobre isso. Existem algumas dicas que vocês podem dar para as bandas mais novas sobre como usar bem a rede?



Com certeza, principalmente no começo quando a gente só tinha a Internet para divulgar o nosso trabalho. Hoje em dia a coisa complicou mais porque divulgar a sua banda só pela Internet não é mais uma idéia genial. Mesmo porque o mercado independente está com muitas bandas surgindo a todo minuto. Então hoje em dia eu realmente não tenho idéia de como fazer para atingir um público maior através da rede. Mas é bom lembrar que ao lado da Internet a gente sempre trabalhou muito no mundo real, fazendo shows, entrando em furadas... A Internet só serve para dissiminar um público que já existe. Não dá pra construir uma coisa só pela rede.



Agora vocês estão assinando com a Universal. O que mais pesou nessa decisão de largar a independência?



Sim, nós assinamos contrato para gravar o próximo disco e vamos começar no meio do ano. Foi um acordo que surgiu depois da gravação do dvd inclusive. Antes da gravação nós não tínhamos contrato com ninguém. A gente sempre teve vontade de crescer mais e mais. Agora é a hora de aparecer em outros lugares para atingir uma gente nova. E uma gravadora possibilita isso, porque ela tem acesso a coisas que a gente nunca vai ter (por conta própria) como às rádios por exemplo. Então eles chegaram para somar. É uma parceria que estamos fazendo e que chegou na hora certa, pois já conquistamos tudo o que podíamos dentro do cenário independente.



Vocês dividem a mesma casa. Como é essa coisa de passar praticamente o dia todo com os mesmos caras? Surgem aquelas brigas de convívio ou está tudo sempre bem por aí?



Rola claro, mas a gente tem uma convivência muito boa e todo mundo tem a cabeça no lugar. Se um está mal-humorado ele sai e vai dar uma volta. A gente procura não ter atritos. A convivência está sendo boa e sempre encaramos isso como uma fase. É inviável morar junto com colega de trabalho pro resto da vida. A gente não teria como morar sozinho nesse momento então estamos juntos e ensaiamos na casa, o que está sendo bom para o processo de composição das músicas para o próximo disco.



Você também tem o Beeshop (confira em www.myspace.com/lucasfresnosongs),um projeto paralelo, com uma pegada mais pro indie rock e em inglês. Pode falar um pouco desse trabalho?



Sim, quando tenho um tempo livre e uma idéia para uma música eu vou lá e gravo. Como ali não tem uma banda para conciliar as idéias eu posso fazer o som que eu quiser e o resultado acaba mais indie do que o som do Fresno.



E nada feito dessa forma acaba no Fresno?



Eu procuro separar bem as coisas. Sempre tive vários projetos e colocava algumas coisas pro Fresno que sempre foi o projeto principal. Mas agora eu procuro não misturar muito e tenho conseguido.



Para encerrar queria que você falasse um pouco sobre "Alguém que te faz sorrir" que é a música de vocês mais procurada pelos nossos usuários.



Desde que a gente lançou essa música ela teve uma aprovação muito grande. Ela tem aquela história da pessoa estar escrevendo para outra e sobre aquele esforço meio inútil de se fazer percebido por ela. A canção ilustra isso ainda que de uma forma meio confusa...Eu também estava vendo que a nossa nova música, Polo (Insistir, Resistir, Desistir), está subindo bastante no site. Acho que logo logo ela vai ser a mais acessada. E esse resultado tem a ver com o fato dela estar vindo com uma divulgação que nenhuma música nossa teve até hoje.